Governo realiza II Seminário Estadual de Prevenção às Violências Autoprovocadas, em alusão ao Setembro Amarelo
A Secretaria de Estado da Saúde (SES) realizou, nesta quinta-feira (14), o II Seminário Estadual de Prevenção às Violências Autoprovocadas, no auditório da Faculdade Uninassau, em São Luís. O encontro aconteceu em alusão à Campanha Setembro Amarelo, de prevenção ao suicídio. Na ocasião, também foi realizado o lançamento do projeto para implantação do Apoio Matricial na Saúde Mental na Atenção Primária à Saúde.
“O seminário oportunizou debate sobre temas de promoção das práticas integrativas e complementares relacionadas ao contexto da saúde mental e emocional, bem como a intersetorialidade nos diálogos e perspectivas para a saúde mental. Além disso, estamos trazendo o protagonismo à Atenção Primária enquanto eixo coordenador de assistência ao usuário do SUS, que articula com os demais níveis de complexidade o melhor projeto terapêutico singular para o indivíduo”, disse a secretária adjunta da Política de Atenção Primária e Vigilância em Saúde da SES, Deborah Campos.
A campanha Setembro Amarelo é marcada pela conscientização e promoção da saúde mental, tendo como tema ‘Saúde mental se constrói todos os dias’. Participaram do II Seminário Estadual de Prevenção às Violências Autoprovocadas profissionais e acadêmicos da saúde mental como psicólogos e terapeutas ocupacionais, assim como gestores de saúde pública de atenção primária dos municípios de São Luís e Raposa.
Logo na abertura do evento, os presentes puderam debater pontos como o ‘Manejo do cuidado relacionado à prevenção do suicídio e à automutilação: uma questão intersetorial’, ‘Os impactos das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) na promoção da valorização da vida com foco no enfrentamento à violência autoprovocada’; ‘Saúde emocional do trabalhador: um cuidado necessário’; e ‘As violências autoprovocadas no contexto dos transtornos mentais e dependência química’.
O seminário apresentou ainda ‘Diálogos e perspectivas da saúde mental: construindo caminhos com a intersetorialidade’, além das apresentações sobre ‘Os impactos da saúde mental na política de equidade’ e do Comitê Estadual de Prevenção à Automutilação e ao Suicídio.
A chefe do Departamento de Atenção à Saúde Mental da SES, Isabelle Rêgo, explicou a importância de qualificar os profissionais da Rede de Atenção Psicossocial. “Nosso desejo é fortalecer a cultura do cuidado dentro da rede do SUS. Portanto, mais que uma campanha ou o lançamento de um projeto, visamos a qualificação da atenção primária dos municípios para o compartilhamento do cuidado entre os serviços de atenção básica, média e alta complexidades”.
Também participaram da mesa de abertura da campanha e do seminário o representante da Faculdade Uninassau, Ricardo Rabelo; e a vice-presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Crefito), Márcia de Souza Rodrigues.
Projeto de Apoio Matricial
O projeto para a Implantação do Apoio Matricial na Saúde Mental na Atenção Primária à Saúde (APS) que foi lançado no evento, beneficiará inicialmente os municípios de São Luís e Raposa, que formarão equipes de apoiadores matriciais. O projeto visa instrumentalizar a APS para qualificação e ampliação da assistência em saúde mental e o acesso aos serviços.
“Diante da necessidade de estarmos nos territórios, qualificando os profissionais, elencamos uma equipe da Força para ir aos municípios e fazer o trabalho de tutoria de forma que a iniciativa receba adesão e se expanda no território. Assim, começaremos pela Região Metropolitana, tendo São Luís e Raposa como projetos pilotos, justamente pela sua riqueza de serviços, mas com demanda igualmente grande”, destacou a coordenadora da Força Estadual de Saúde do Maranhão (Fesma), Adriana Mota.
A Fesma se fará presente com equipe formada por médico psiquiatra, psicólogo, assistente social, nutricionista, educador físico e terapeuta ocupacional. A proposta é atuar no contexto interdisciplinar, no qual cada profissional contribuirá com saberes diferentes, ampliando assim a compreensão e intervenções das equipes, para a atenção integral às demandas de saúde mental da Atenção Primária à Saúde (APS).
A coordenadora de Saúde Comunitária da Superintendência de Ações em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de São Luís, Aline Costa, avaliou a iniciativa: “A temática de saúde mental entre os profissionais por muito tempo foi encaminhada, e quando pensamos na dinâmica de matriciamento, estamos observando a importância de fazer o acompanhamento do paciente no território. Sabemos também que existem vários níveis de adoecimento mental e, por isso, o profissional da Atenção Primária precisa estar preparado para acolher”, explicou.
Lesões autoprovocadas no Maranhão
No Maranhão, de acordo com dados da Vigilância de Violências e Acidentes do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Viva/Sinan), no período de 2018 a 2022, foram registrados 5.756 casos de violências autoprovocadas, sendo 3.968 (68,9%) casos notificados no sexo feminino e 1.788 (31,1%) no masculino.
A análise das notificações das lesões autoprovocadas evidenciou que a grande parte das ocorrências relacionadas a esse agravo está concentrada na faixa etária de 10 a 19 anos representando 33,8%; na faixa de 20 a 39 anos com 29,6% dos casos e na faixa de 30 a 39 anos totalizando 17,5% das situações de violência autoprovocadas notificadas.
No levantamento do quantitativo de notificação de violências autoprovocadas por regiões de saúde, a Metropolitana contabilizou 33,9% das notificações, Imperatriz com 13,5%, Balsas com 7,5% e Caxias com 6,5%.